O bem-estar animal é um conceito fundamental na produção avícola, buscando prevenir abusos, dor e sofrimento nas aves por meio de práticas alinhadas às cinco liberdades: fisiológica, ambiental, sanitária, comportamental e psicológica. O respeito a essas liberdades não só promove a saúde e a produtividade dos plantéis, mas também impacta diretamente a qualidade da carne produzida.
A Influência do Bem-Estar Animal na Qualidade da Carne
Na avicultura, a qualidade da carne de frango é altamente dependente do manejo adequado das aves ao longo de toda a cadeia produtiva. A alimentação e a nutrição desempenham um papel crucial, sendo fundamental que as aves tenham acesso a uma dieta balanceada e água fresca. Fatores como a qualidade da ração, o balanço energético, a disponibilidade de nutrientes e a higiene da água são diretamente relacionados ao crescimento saudável das aves e à eficiência na produção.
Além disso, processos como a apanha e o transporte das aves são momentos que merecem uma atenção crítica para garantir o bem-estar animal. Quando mal realizados, esses procedimentos podem resultar em lesões físicas, estresse, dificuldades respiratórias e desidratação, todos fatores que afetam negativamente a qualidade final da carne. A carne de aves submetidas a estresse pode apresentar características indesejadas, como o desenvolvimento de carne PSE (pálida, macia e exsudativa), que se caracteriza pela baixa capacidade de retenção de água, prejudicando a textura e a suculência do produto final.
Estresse Térmico e Qualidade da Carne
Um dos principais fatores de estresse que impactam a qualidade da carne de frango é o estresse térmico. A exposição das aves a temperaturas elevadas provoca uma série de respostas fisiológicas adversas. O aumento da temperatura corporal leva à aceleração da glicogenólise muscular, resultando na produção de carne com as características PSE, como baixa retenção de água, textura alterada e menor vida útil do produto devido à oxidação de proteínas e lipídios. O estresse térmico também compromete o ganho de peso das aves, aumenta o estresse oxidativo e pode resultar em uma carne de qualidade inferior, menos atrativa para o consumidor e menos lucrativa para o produtor. A implementação de práticas de manejo que reduzem a exposição das aves ao calor excessivo, como a melhoria da ventilação nas granjas e a adaptação do transporte às condições climáticas, é essencial para manter a qualidade da carne.
Conclusão
Investir no bem-estar animal é, portanto, uma estratégia fundamental não apenas do ponto de vista ético, mas também econômico. A qualidade da carne de frango é um reflexo direto das condições em que as aves são criadas e manejadas. Garantir que essas condições respeitem as necessidades fisiológicas e comportamentais das aves resulta em um produto final de alta qualidade, com maior valor no mercado e maior aceitação pelos consumidores.